“Você paga imposto de renda, INSS e, mesmo assim, tem que pagar escola pros filhos, plano de saúde, previdência privada, transporte... O Estado simplesmente não entrega”, desabafa o servidor Rodrigo Marrara, de Brasília. A indignação dele ecoa entre milhões de brasileiros que bancam um Estado caro, ineficiente e voraz.
No ritmo atual, o gasto público já supera com folga a arrecadação, que soma R$ 2,3 trilhões no mesmo período um rombo de mais de R$ 700 bilhões. Para o presidente da Confederação das Associações Comerciais e Empresariais do Brasil (CACB), Alfredo Cotait, o problema não é arrecadação, é gestão.
“Criamos o Impostômetro há 20 anos para mostrar quanto pagamos. Agora, com o Gasto Brasil, mostramos onde o dinheiro vai. E o que vemos? Déficit, desperdício e nenhum sinal de responsabilidade fiscal”, critica. “Como não querem cortar gastos, recorrem ao aumento de impostos e mantêm juros altos. Isso sufoca o empreendedor.”
Estado inchado, serviços precários
Para o especialista em orçamento público Cesar Lima, o cenário escancara o tamanho do Estado e sua ineficiência. “Dois terços do gasto são previdência. Talvez uma nova reforma seja inevitável. O que temos hoje é um sistema caro e insustentável.”
Ele também critica a má alocação dos recursos: “Gasta-se muito e mal. A população não sente retorno em áreas essenciais como saúde, educação e infraestrutura. Isso mina a credibilidade da política fiscal”.
A Instituição Fiscal Independente (IFI) projeta que, mesmo com o novo regime fiscal, o governo deve encerrar 2025 com déficit superior a R$ 80 bilhões. Para 2026, o rombo pode passar de R$ 79 bilhões, exigindo cortes drásticos ou novas medidas impopulares.
Reforma engavetada e pressão corporativa
A tão prometida reforma administrativa, com relatoria do deputado Pedro Paulo (PSD-RJ), continua emperrada. A proposta prevê avaliação de desempenho, digitalização de processos e unificação de carreiras medidas que enfrentam resistência de corporações públicas.
Para Cotait, falta coragem política. “A sociedade não pode mais aceitar que reformas estruturais sejam barradas por pressões de grupos privilegiados. Se queremos um país competitivo, precisamos de um Estado enxuto e eficiente.”
Enquanto isso, o painel do Gasto Brasil segue rodando um lembrete cruel de que a conta não fecha. E que, no fim das contas, quem paga a fatura é sempre o contribuinte.
Fonte: Brasil 61