Confiança da indústria volta a cair e encerra primeiro semestre no vermelho, aponta CNI

 


O Índice de Expectativas do setor industrial encerrou o primeiro semestre de 2025 em trajetória negativa. De acordo com levantamento divulgado nesta sexta-feira (11) pela Confederação Nacional da Indústria (CNI), o indicador recuou 1,2 ponto em julho e chegou a 49,7 pontos — abaixo da linha de 50, o que indica pessimismo entre os empresários.

A última vez que o índice esteve nesse patamar foi em janeiro de 2023. Desde então, o cenário vinha se mantendo em território positivo, mas com sinais de desaceleração. Agora, a percepção de incerteza se consolida.

Além do Índice de Expectativas, o ICEI — Índice de Confiança do Empresário Industrial — também apresentou nova retração. Caiu de 48,6 para 47,3 pontos, no sétimo mês consecutivo abaixo dos 50. Trata-se da segunda pior sequência negativa da história do indicador, atrás apenas do período da recessão econômica de 2015 e 2016.

Alta dos juros e estoques pressionam o setor

Segundo a CNI, o pessimismo generalizado tem múltiplas causas. Entre elas, o nível elevado das taxas de juros, que continua sufocando investimentos e consumo. O PIB da indústria cresceu apenas 0,1% no primeiro trimestre, e os dados do IBGE indicam duas quedas seguidas na produção industrial.

Larissa Nocko, especialista em Políticas e Indústria da CNI, afirma que o aumento no nível dos estoques, em meio a uma demanda enfraquecida por bens industriais, é outro fator relevante. “Isso confirma esse cenário de redução no ritmo de crescimento da atividade econômica, em particular da atividade industrial”, destaca.

Empresariado sem horizonte

A leitura dos números aponta para um empresariado cada vez mais cético quanto à recuperação no segundo semestre. Além do entrave provocado pelos juros altos, há também desconfiança sobre o ambiente regulatório e as dificuldades fiscais do governo federal — que insiste em aumentar a carga tributária para cumprir metas, enquanto posterga reformas estruturantes.

A pesquisa da CNI ouviu 1.209 empresas de todos os portes — sendo 482 pequenas, 442 médias e 285 grandes — entre os dias 1º e 7 de julho.

O ICEI é considerado um dos principais termômetros do humor empresarial no país, e costuma antecipar tendências de desempenho da indústria e da economia como um todo. A continuidade da queda sinaliza alerta para o segundo semestre, num ambiente em que o Brasil tenta equilibrar contas públicas, inflação e crescimento pífio.


Raquel Lima

Sou Raquel Lima, jornalista dedicada a informar com qualidade e verdade. Busco temas relevantes, análises claras e coberturas que inspirem, sempre com compromisso e uma visão crítica dos fatos.

Postar um comentário

Postagem Anterior Próxima Postagem