Segundo apurou a CNN Brasil, a decisão partiu da equipe presidencial após avaliação de que o governo deveria aguardar as tratativas diplomáticas em curso e evitar um embate mais agressivo neste momento. O Planalto deve reavaliar a possibilidade de novo pronunciamento somente após agosto, prazo previsto para o início da vigência das novas tarifas.
OMC e reciprocidade na mesa
A estratégia do governo Lula agora mira na Organização Mundial do Comércio (OMC), que deve ser acionada para avaliar a legalidade da taxação americana. Além disso, o presidente tem reiterado que, se a negociação diplomática falhar, o Brasil poderá aplicar a chamada Lei de Reciprocidade Econômica, aprovada pelo Congresso este ano.
“Se não tiver jeito no papo, nós vamos estabelecer a reciprocidade: taxou aqui, vamos taxar lá. Não tem outra coisa a fazer”, afirmou Lula, durante agenda no Espírito Santo nesta sexta-feira (11). O presidente também reforçou que buscará apoio de aliados internacionais, como os países do Brics.
Trump sinaliza abertura para diálogo — mas defende Bolsonaro
Donald Trump, por sua vez, disse nesta sexta-feira que está disposto a conversar com Lula “em algum momento”, mas aproveitou a declaração para defender Jair Bolsonaro. “Eu o conheço bem. Negociei com ele. Posso dizer que ele é um homem muito honesto”, declarou, em aceno direto ao ex-presidente brasileiro.
A fala vem num momento em que a relação Brasil-EUA volta a esfriar diante de interesses comerciais divergentes e de uma política externa cada vez mais marcada por tensões e retaliações.
Governo em alerta, oposição em movimento
A oposição também se mobilizou: o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), se reuniu com Jair Bolsonaro para discutir possíveis estratégias de reação à tarifa imposta por Washington. A movimentação política dos aliados do ex-presidente ocorre em paralelo às articulações de Lula nos bastidores internacionais.
Com o pronunciamento cancelado, o governo adota postura cautelosa, mas não descarta retaliações comerciais em caso de fracasso nas negociações multilaterais. Nos bastidores, o Planalto reconhece o desgaste político e econômico que o embate com os EUA pode provocar.