Banco Central sinaliza fim do ciclo de alta da Selic, mas avisa: juros seguirão elevados para conter inflação

 


Ata do Copom confirma manutenção de juros em 15% por tempo prolongado; mercado já prevê cortes apenas a partir de 2026

O Banco Central divulgou nesta terça-feira (24) a ata da última reunião do Comitê de Política Monetária (Copom), que na semana anterior elevou a taxa básica de juros (Selic) de 14,75% para 15% ao ano — o maior patamar registrado nos últimos 20 anos.

No documento, a autoridade monetária indica que o atual ciclo de aperto pode ter chegado ao fim, mas deixa claro que os juros devem permanecer elevados por um período prolongado. A medida visa conter a inflação acumulada em 12 meses, que se mantém acima da meta, atualmente em 5,32%.

“Em se confirmando o cenário esperado, o Comitê antecipa uma interrupção no ciclo de alta de juros para examinar os impactos acumulados do ajuste já realizado”, diz o texto da ata.

Inflação resistente, juros estáveis

A sinalização de pausa na escalada da Selic ocorre pela primeira vez desde março de 2024, quando se iniciou o atual ciclo de alta. A decisão reflete a preocupação do Copom com o atraso dos efeitos da política monetária na atividade econômica.

Segundo o Relatório Focus, divulgado na segunda-feira (23), o mercado já projeta Selic em 15% até o fim de 2025, com possibilidade de queda apenas em 2026.

O BC adota tom cauteloso, afirmando que ainda avalia os impactos do aperto já realizado e que a manutenção da Selic nesse patamar pode ser suficiente para levar a inflação à meta de 3% no próximo ano — dentro da faixa de tolerância de 1,5 ponto percentual para cima ou para baixo.

Comitê mantém postura vigilante

Apesar da mudança de tom, a autoridade monetária reforça que não descarta novas altas, caso o cenário piore.

“O Comitê enfatiza que seguirá vigilante, que os passos futuros da política monetária poderão ser ajustados e que não hesitará em prosseguir no ciclo de ajuste caso julgue apropriado.”

A declaração mira especialmente os riscos fiscais, a incerteza externa e a pressão inflacionária estrutural, com destaque para os preços administrados e instabilidade cambial.

Raquel Lima

Sou Raquel Lima, jornalista dedicada a informar com qualidade e verdade. Busco temas relevantes, análises claras e coberturas que inspirem, sempre com compromisso e uma visão crítica dos fatos.

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