As viagens internacionais do presidente Luiz Inácio Lula da Silva têm se tornado, mais do que compromissos diplomáticos, um festival de gafes, revisionismos históricos e constrangimentos públicos — que custam caro ao contribuinte e desgastam a imagem do país. A mais recente passagem de Lula por Rússia e China exemplifica esse padrão que, a cada deslocamento, se repete com novos agravantes.
Durante evento em Pequim, Lula protagonizou uma das falas mais absurdas de seu terceiro mandato ao exaltar Mao Tse-tung como símbolo da eliminação da pobreza na China. Ocorre que o legado de Mao não é a superação da miséria, mas sim o extermínio de mais de 40 milhões de chineses por fome, repressão e expurgos políticos. O que realmente tirou a China da miséria foi o que veio depois: a adoção do capitalismo de Estado e a abertura econômica promovida por Deng Xiaoping, nos anos 1980 — exatamente o oposto da ideologia que Lula costuma defender.
Lula, mais uma vez, escolheu se alinhar aos símbolos de regimes autoritários. Na Rússia, foi o único líder de uma democracia presente ao lado de ditadores e criminosos de guerra no desfile militar de Vladimir Putin. O gesto gerou repercussão internacional negativa e colocou o Brasil em posição de isolamento entre os países do Ocidente.
Para completar a tragédia diplomática, Lula levou consigo uma comitiva de mais de 200 pessoas, reforçando a crítica recorrente sobre os gastos com viagens oficiais. O valor já passa dos R$ 9 bilhões desde o início do mandato, segundo dados levantados por veículos independentes — um número que contrasta com o discurso oficial de responsabilidade fiscal.
E ainda há Janja. A primeira-dama, que não tem cargo formal no governo, tem atuado com desenvoltura incomum em agendas de Estado. Durante a visita à China, participou de uma reunião oficial com o presidente Xi Jinping e chegou a pedir, publicamente, que o governo chinês censure o TikTok no Brasil por considerar a plataforma "de direita".
Trata-se de uma intromissão sem precedentes. Primeiro, porque censura não é política de governo em regimes democráticos. Segundo, porque não cabe à esposa do presidente dirigir pedidos diplomáticos a chefes de Estado. Terceiro, porque o pedido não foi apenas fora de lugar — foi juridicamente e institucionalmente impróprio.
Enquanto isso, o Brasil enfrenta um escândalo bilionário no INSS, revelado por operações da Polícia Federal, com fraudes e mensalidades indevidas descontadas de aposentados e pensionistas. A crise gerou a queda do presidente do INSS, afastamento de servidores e já é tratada no Congresso como tema para CPMI.
Lula, contudo, segue longe — e alheio.
O Brasil, mais uma vez, paga a conta da vaidade de um presidente que, em vez de governar, prefere se exibir em palcos internacionais, mesmo quando não é bem-vindo — nem compreendido.