Com Hugo Motta nos EUA e Alcolumbre na China, Congresso esvaziado custa R$ 35 milhões por dia aos cofres públicos

 
Registro desta quarta-feira,14, sem deputados no Salão Verde | Foto: Deborah Sena

Enquanto os presidentes da Câmara dos Deputados e do Senado Federal cumprem agendas internacionais, o Congresso Nacional enfrenta uma semana de marasmo e corredores vazios em Brasília. Hugo Motta (Republicanos-PB) está nos Estados Unidos, participando de um fórum, enquanto Davi Alcolumbre (União-AP) acompanha o presidente Luiz Inácio Lula da Silva em viagem à China.

Apenas as sessões da CPI das Bets, que investiga supostas manipulações no mercado de apostas esportivas, têm movimentado minimamente o Senado. No restante do Congresso, gabinetes fechados, comissões paradas e o Salão Verde deserto marcaram o clima nesta quarta-feira (14).

Custo elevado e eficiência questionada

Apesar do esvaziamento, o Congresso segue operando com um custo diário superior a R$ 35 milhões. O orçamento total de Câmara e Senado em 2023 ultrapassou R$ 13 bilhões, montante que cobre salários de parlamentares e servidores, manutenção predial, segurança, limpeza, energia elétrica e outras despesas de funcionamento.

A comparação internacional chama ainda mais atenção: segundo levantamento da Universidade de Brasília (UnB) em parceria com instituições americanas, o Congresso brasileiro é o segundo mais caro do mundo, perdendo apenas para o dos Estados Unidos. Em 2020, o orçamento do Legislativo brasileiro chegou a quase US$ 3 bilhões — cerca de 0,15% do Produto Interno Bruto (PIB). Para manter cada parlamentar, o custo estimado gira em torno de R$ 25 milhões por ano.

Nos Estados Unidos, o Congresso teve um orçamento de US$ 4,75 bilhões, o que representa apenas 0,02% do PIB americano. Já o Japão ocupa a terceira posição no ranking, com US$ 1,12 bilhão, seguido pela Argentina, com US$ 1 bilhão.

Recesso branco sob críticas

A ausência de parlamentares, mesmo fora do período de recesso oficial, levanta discussões recorrentes sobre a prática informal do chamado "recesso branco", quando, sem paralisação formal das atividades, os trabalhos legislativos se arrastam sem votações, sessões deliberativas ou presença efetiva dos congressistas.

Em um cenário de alta carga tributária e crescente cobrança da sociedade por eficiência no uso do dinheiro público, o funcionamento simbólico do Legislativo — com estruturas abertas, mas sem produção parlamentar — reforça o debate sobre os custos da burocracia federal e a necessidade de reformas administrativas e fiscais mais rígidas.


Raquel Lima

Sou Raquel Lima, jornalista dedicada a informar com qualidade e verdade. Busco temas relevantes, análises claras e coberturas que inspirem, sempre com compromisso e uma visão crítica dos fatos.

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