Correios acumulam prejuízo de R$ 4,4 bilhões no primeiro semestre e acendem alerta de colapso financeiro


 

O balanço do primeiro semestre de 2025 revelou um rombo de R$ 4,4 bilhões nos Correios, superando em apenas seis meses o recorde negativo de 2024, de R$ 2,6 bilhões. O resultado expõe não apenas falhas de gestão e o aparelhamento político da estatal, mas também a dificuldade da empresa em se adaptar à rápida transformação do setor de entregas.

A receita caiu 9,5% em relação ao mesmo período do ano passado, somando R$ 8,9 bilhões, enquanto as despesas dispararam e atingiram R$ 13,4 bilhões. Mantido esse ritmo, o déficit pode chegar a R$ 8 bilhões até dezembro, obrigando o governo a realizar aportes emergenciais estimados em até R$ 20 bilhões para evitar atrasos no pagamento de salários e despesas básicas.

Governo monitora situação

O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, reconheceu a gravidade da crise e afirmou que a estatal “inspira cuidados”. Segundo ele, o tema está sendo acompanhado pelo Ministério da Gestão e Inovação e pela Casa Civil.

Nos bastidores, a preocupação é que o resgate dos Correios se transforme em mais um peso sobre as contas públicas, já pressionadas por déficits sucessivos.

TCU entra no caso

Diante da repercussão, o senador Ciro Nogueira (PP-PI) pediu ao Tribunal de Contas da União (TCU) uma investigação ampla das contas da estatal e também do Postalis, fundo de pensão dos funcionários. O requerimento foi aprovado pela Comissão de Transparência do Senado, e o ministro Bruno Dantas foi designado relator do processo.

Em nota à Gazeta do Povo, os Correios afirmaram que todas as informações econômico-financeiras vêm sendo apresentadas “de forma aberta e clara”.

Correios esperam socorro do contribuinte para não quebrar

Quatro anos de prejuízos

Após cinco anos de resultados positivos, os Correios entraram no vermelho em 2021. Desde então, acumulam déficits crescentes, agravados em 2024 e 2025. Além da perda de mercado para concorrentes privados, a estatal cita fatores como:

  • queda nas importações após a chamada “taxa das blusinhas”, que reduziu o volume de entregas;

  • novos aportes exigidos pelo Postalis;

  • aumento expressivo de precatórios e RPVs, que chegaram a R$ 389 milhões no primeiro trimestre de 2025.

A crise resultou na saída do então presidente Fabiano Silva dos Santos, em julho. Sua indicação havia sido viabilizada pela flexibilização da Lei das Estatais, que permitiu nomeações políticas.

Na última terça-feira (16), o governo anunciou seu sucessor: Emmanoel Schmidt Rondon, funcionário de carreira do Banco do Brasil. Ele assumirá a missão de comandar um Programa de Recuperação e Modernização, com investimentos em tecnologia, automação, renovação da frota e diversificação de serviços.

Futuro incerto

Apesar do discurso de recuperação, a estatal admite que convive com “um histórico de subinvestimentos” e que precisará de tempo para retomar a competitividade. No entanto, com despesas em alta e receita em queda, cresce o risco de que os Correios se transformem em mais um ônus para o Tesouro, bancado pelos contribuintes.

Fonte: Gazeta do Povo

Raquel Lima

Sou Raquel Lima, jornalista dedicada a informar com qualidade e verdade. Busco temas relevantes, análises claras e coberturas que inspirem, sempre com compromisso e uma visão crítica dos fatos.

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