Haddad ameaça ir ao STF após Congresso derrubar decreto do IOF: “Flagrantemente inconstitucional”


Governo estuda judicializar decisão do Legislativo que anulou aumento do imposto sobre operações financeiras; corte de gastos ou novas receitas estão em avaliação

O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, afirmou que o governo federal pode acionar o Supremo Tribunal Federal (STF) contra a derrubada do decreto que aumentava as alíquotas do Imposto sobre Operações Financeiras (IOF). Segundo o ministro, juristas do governo consideram a decisão do Congresso “flagrantemente inconstitucional”.

A declaração foi dada em entrevista à Folha de S.Paulo, na qual Haddad revelou que a Procuradoria-Geral da Fazenda Nacional (PGFN) e a Advocacia-Geral da União (AGU) ainda não se manifestaram oficialmente, e que a decisão final caberá ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT).

“Vamos ver agora qual vai ser a decisão do presidente, que pode ser de questionar a decisão do Congresso... Na opinião dos juristas do governo, é flagrantemente inconstitucional”, afirmou Haddad.

Três saídas possíveis: impostos, cortes ou judicialização

Com a queda do decreto, o governo enfrenta um desafio adicional para equilibrar o orçamento dentro das metas do arcabouço fiscal, que prevê déficit zero em 2025.

Haddad listou três alternativas:

  1. Buscar novas fontes de receita, como taxação de dividendos ou exploração de ativos do setor de petróleo;

  2. Aumentar os cortes de gastos, além dos R$ 30 bilhões já contingenciados, podendo chegar a mais R$ 12 bilhões — medida que, segundo o ministro, afetaria programas como Minha Casa, Minha Vida, educação e saúde;

  3. Judicializar o caso, levando a questão ao STF.

“Vai faltar recurso para a saúde, para a educação, para o Minha Casa, Minha Vida. Não sei se o Congresso quer isso”, afirmou.

Congresso reage e derruba decreto

O Congresso Nacional aprovou, por ampla maioria, o Projeto de Decreto Legislativo (PDL) que anula os efeitos do decreto presidencial que alterava o IOF. A votação foi concluída com 383 votos favoráveis na Câmara e aprovação no Senado, seguindo agora para promulgação.

O presidente da Câmara, Hugo Motta (Republicanos-PB), celebrou a vitória política nas redes sociais:

“Foi um dia muito importante para o país. A Câmara e o Senado derrubaram o decreto do governo para evitar o aumento de impostos”, afirmou.

A articulação suprapartidária para barrar o aumento do IOF é vista como uma derrota estratégica para o Planalto, que agora tenta reverter o cenário ou compensar a perda fiscal por outros meios.

Falha na articulação e "surpresa" no Planalto

Haddad revelou que, dias antes da votação, participou de uma reunião com líderes do Congresso e saiu convencido de que havia acordo. O revés, segundo ele, foi inesperado.

“Passei cinco horas negociando. Saí de lá crente que tínhamos chegado a um acordo. E isso não se traduziu naquilo que imaginamos. Eu vou procurar rever o que aconteceu”, lamentou o ministro.


Fonte: CNN 

Raquel Lima

Sou Raquel Lima, jornalista dedicada a informar com qualidade e verdade. Busco temas relevantes, análises claras e coberturas que inspirem, sempre com compromisso e uma visão crítica dos fatos.

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