Conta que não fecha: governo federal gasta seis vezes mais com pessoal do que com obras e cobra do contribuinte

 


Plataforma Gasto Brasil revela que despesas com a máquina federal chegaram a R$ 362 bilhões em 2024; governo responde com mais impostos para cobrir rombo

O Governo Federal gastou em 2024 mais de R$ 362 bilhões com pessoal ativo, inativo e encargos sociais, segundo dados da plataforma Gasto Brasil, enquanto os investimentos ficaram limitados a pouco mais de R$ 60 bilhões. O contraste revela um desequilíbrio estrutural nas contas públicas e acende um novo alerta sobre a qualidade do gasto no país.

Em outras palavras, o Brasil gasta seis vezes mais com salários, aposentadorias e encargos do que com obras, infraestrutura e políticas que geram crescimento econômico.

Descompasso entre despesa e desenvolvimento

A concentração de recursos na folha de pagamento revela, segundo especialistas, um modelo engessado e pouco eficiente. Para Claudio Queiroz, criador da plataforma Gasto Brasil e consultor da CACB (Confederação das Associações Comerciais e Empresariais do Brasil), essa distorção compromete a capacidade do Estado de investir em áreas estratégicas.

“As novas funcionalidades da plataforma deixam evidente o mau uso do dinheiro público. O Gasto Brasil surgiu com o intuito de trazer mais transparência sobre as despesas da máquina pública e ajudar a sociedade a entender onde estão os maiores gargalos”, afirma Queiroz.

Segundo ele, 11 categorias de gasto representam 96% das despesas federais, com Previdência e Pessoal concentrando cerca de 60% do total.

Governo edita MP e taxa investimentos

Para tentar equilibrar as contas e cumprir o novo arcabouço fiscal, o governo editou a Medida Provisória 1.303/25, que acaba com a isenção de IR sobre títulos incentivados — como as LCIs e LCAs, a partir de 2026. A medida deve gerar uma arrecadação adicional de R$ 31 bilhões entre 2025 e 2026, segundo estimativa da Fazenda, e financiar medidas como o reajuste de servidores públicos.

O economista Ricardo Amorim criticou a medida, alertando que ela encarece o crédito e afeta diretamente o setor imobiliário e o agronegócio.

“Vai ficar mais caro comprar imóvel e produzir alimentos. Quem paga essa conta, mais uma vez, é o brasileiro”, afirmou Amorim em publicação nas redes sociais.

Esforço fiscal estimado em R$ 300 bilhões

A plataforma Gasto Brasil aponta ainda que o controle das despesas até maio foi mantido de forma artificial, em razão da Lei Orçamentária ainda não aprovada. Para alcançar equilíbrio nas contas primárias do Governo Central, o esforço necessário seria da ordem de R$ 300 bilhões.

Segundo o presidente da CACB, Alfredo Cotait, a plataforma se tornou uma ferramenta essencial para a sociedade monitorar o desempenho fiscal do Estado.

“Lançamos o Gasto Brasil para mostrar que o governo está gastando mais do que arrecada, e que a conta está sendo empurrada para o setor produtivo e para o cidadão”, disse Cotait.

Déficit zero em 2025 ainda é promessa

A meta do governo é zerar o déficit fiscal em 2025, conforme as regras do novo arcabouço. No entanto, para atingir esse objetivo, será necessário conter despesas obrigatórias, como pessoal e Previdência, ao mesmo tempo em que se amplia a arrecadação sem sufocar a economia.

O desafio, segundo economistas, será equilibrar o ajuste fiscal com crescimento sustentável, evitando a armadilha do aumento contínuo de impostos para financiar um Estado ineficiente.

Raquel Lima

Sou Raquel Lima, jornalista dedicada a informar com qualidade e verdade. Busco temas relevantes, análises claras e coberturas que inspirem, sempre com compromisso e uma visão crítica dos fatos.

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