Mesmo com avanços registrados ao longo da última década, a Paraíba ainda enfrenta um grave desafio: mais de 400 mil pessoas com 15 anos ou mais seguem analfabetas, o que coloca o estado na terceira posição entre os maiores índices de analfabetismo do país. Os dados são da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (PNAD Contínua), divulgada nesta sexta-feira (13) pelo IBGE.
A taxa paraibana caiu de 15,4% em 2016 para 12,8% em 2024, mas segue acima da média do Nordeste (11,1%) e muito distante da média nacional, de 5,3%. Apenas Alagoas (14,3%) e Piauí (13,8%) apresentam índices piores.
O dado contrasta com a meta do Plano Nacional de Educação (PNE), que previa a erradicação do analfabetismo até 2024 — ou ao menos sua redução para 6,5% até 2015, meta que também não foi cumprida.
Idosos, homens e pretos ou pardos são os mais afetados
A desigualdade educacional segue uma tendência histórica. Segundo o IBGE, a taxa de analfabetismo entre os idosos com 60 anos ou mais chega a 33% — um número três vezes maior que a média nacional.
Há também uma disparidade clara entre os sexos: 15,3% dos homens são analfabetos, contra 10,5% das mulheres. Quando recortado por raça, a taxa é de 14,7% entre pretos ou pardos, frente a 9% entre brancos.
João Pessoa lidera ranking negativo entre regiões metropolitanas
Na Região Metropolitana da capital João Pessoa, o índice de analfabetismo subiu de 7,6% em 2023 para 8,1% em 2024, mantendo o título de maior taxa entre todas as regiões metropolitanas do país. Apesar de inferior à média estadual, o dado revela estagnação e retrocesso em uma área urbana que concentra recursos e políticas públicas.
Paraíba tem a 2ª menor proporção de adultos com educação básica completa
Apenas 43,4% da população paraibana com 25 anos ou mais concluíram o ensino básico — o segundo pior índice do país, à frente apenas do Piauí. A média brasileira é de 56%.
Os números mostram avanços graduais desde 2016, quando apenas 35,2% da população havia concluído essa etapa. Ainda assim, 34,4% dos adultos no estado têm apenas o ensino fundamental incompleto, e 15,1% conseguiram concluir o ensino superior — abaixo da média nacional, de 17,6%.
Frequência escolar melhora, mas não atinge metas do PNE
A taxa de estudantes de 6 a 14 anos na série escolar adequada atingiu 94,9% em 2024, levemente acima da média nacional, mas ainda abaixo da meta de 95% estabelecida no PNE.
Já entre os jovens de 15 a 17 anos no ensino médio, 69,7% estão na série correta, número inferior aos 85% previstos como meta nacional. No ensino superior, a taxa de frequência entre 18 e 24 anos subiu para 25,2%, abaixo da meta de 33% fixada até este ano.
Análise: avanço tímido diante de um cenário ainda crítico
A redução da taxa de analfabetismo na Paraíba é real, mas ainda insuficiente diante dos desafios educacionais estruturais. As desigualdades por faixa etária, gênero e cor persistem, e os indicadores continuam distantes das metas nacionais estabelecidas há mais de uma década. A lenta evolução sugere a necessidade de políticas públicas mais incisivas e permanentes, com foco em inclusão, permanência e combate ao abandono escolar.