País fica atrás apenas da Turquia em ranking global de juros reais; Banco Central eleva Selic ao maior nível desde 2006 em meio a inflação persistente e desequilíbrio fiscal
O Brasil ocupa agora a segunda colocação no ranking mundial de juros reais, segundo levantamento da plataforma MoneYou, após o Comitê de Política Monetária (Copom) elevar a taxa Selic para 15% ao ano — o maior patamar desde julho de 2006, ainda durante o primeiro mandato do presidente Lula.
Com a inflação projetada para os próximos 12 meses descontada, os juros reais brasileiros chegaram a 9,53%, superando Rússia (7,63%) e Argentina (6,70%), e ficando atrás apenas da Turquia, que lidera com 14,44%.
A decisão marca a sétima alta consecutiva da Selic, e foi tomada diante de um cenário marcado por inflação resistente, desequilíbrio fiscal crescente e incertezas geopolíticas que pressionam a economia nacional.
📊 Ranking de juros reais – Junho de 2025
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Turquia – 14,44%
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Brasil – 9,53%
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Rússia – 7,63%
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Argentina – 6,70%
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México – 4,30%
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África do Sul – 3,80%
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Colômbia – 3,20%
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Indonésia – 2,90%
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Filipinas – 2,70%
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Hungria – 2,40%
Selic sobe, crédito encarece e PIB desacelera
Mesmo com os juros nominais em 15%, o Brasil figura apenas na 4ª colocação do ranking de juros nominais. À frente estão Turquia (46%), Argentina (29%) e Rússia (20%). A alta da Selic, embora tenha o objetivo de conter a inflação, deve encarecer o crédito, frear o consumo, reduzir investimentos produtivos e agravar o risco de recessão técnica.
O Banco Central justifica a decisão com base na persistência da inflação, nas expectativas desancoradas para 2025 e 2026, e em pressões externas, como o conflito entre Israel e Irã e o aumento das tarifas comerciais globais.
O que são juros reais?
Juros reais são a diferença entre os juros nominais (a taxa Selic, por exemplo) e a inflação esperada. Esse indicador mostra o custo efetivo do dinheiro, sendo determinante para decisões de investimento, poupança, captação de recursos e expansão da atividade econômica.
Inflação, câmbio e risco fiscal mantêm pressão
O relatório da MoneYou destaca que, embora a pressão cambial tenha sido parcialmente reduzida pela guerra comercial entre Estados Unidos e China, as tensões internas seguem altas, com preços de alimentos pressionando a inflação e o quadro fiscal fragilizado diante da falta de controle de gastos e de reformas estruturais.