O presidente Luiz Inácio Lula da Silva criticou nesta sexta-feira (22), em Bogotá, a falta de comprometimento dos países ricos no enfrentamento às mudanças climáticas. Durante encontro de líderes da Organização do Tratado de Cooperação Amazônica (OTCA), Lula defendeu maior seriedade na implementação das decisões acordadas no âmbito da ONU e voltou a cobrar financiamento robusto para a preservação das florestas tropicais.
Segundo o presidente, a COP30, marcada para novembro em Belém (PA), será a oportunidade para lançar o Fundo Florestas Tropicais para Sempre (TFFF), mecanismo de financiamento destinado a países que abrigam biomas essenciais para a regulação climática global. O fundo deverá reunir 70 países com florestas tropicais.
“Em toda COP que a gente vai, se toma muitas decisões e depois elas não são executadas. Poucos países tentam cumprir, outros não dão a menor importância e há aqueles que negam a assinatura dos acordos depois que a conferência termina”, disse Lula. Ele defendeu ainda a criação de um conselho de clima no âmbito da ONU, com autoridade para cobrar o cumprimento de compromissos.
Financiamento e cobrança aos países ricos
O petista voltou a criticar a insuficiência dos recursos prometidos na COP29, no Azerbaijão, onde foi anunciada a cifra de US$ 300 milhões anuais para preservação ambiental. “De promessa nós estamos cheios. É preciso que quem quer a floresta em pé ajude a pagar para mantê-la”, afirmou.
Lula também cobrou metas mais ambiciosas de redução de gases de efeito estufa por parte dos países industrializados. “Mesmo que nenhuma árvore seja derrubada, a floresta continuará em risco se o resto do mundo não avançar na redução das emissões”, destacou.
Soberania e povos amazônicos
No encontro, o presidente enfatizou que qualquer política voltada para a Amazônia deve levar em conta as populações locais indígenas, pescadores, extrativistas e trabalhadores rurais. “Temos que manter a floresta em pé e os povos que vivem nela vivos. Essa COP não será em Paris ou Dubai, será na Amazônia, onde o mundo verá de perto a realidade da floresta”, disse.
Lula também criticou países desenvolvidos que, segundo ele, usam a pauta ambiental como justificativa para protecionismo econômico ou ingerência na soberania de nações amazônicas.
Crime organizado e segurança ambiental
O presidente anunciou ainda que no dia 9 de setembro será inaugurado em Manaus o Centro de Cooperação Policial Internacional da Amazônia, voltado ao combate a crimes como garimpo ilegal, narcotráfico e contrabando de armas.
“O povo amazônico merece viver livre da violência, que destrói a floresta, envenena as águas e expulsa comunidades tradicionais de suas terras”, disse Lula, citando ambientalistas e defensores da região assassinados nos últimos anos, como Chico Mendes, Dorothy Stang, Bruno Pereira e Dom Phillips.
Fonte: Agência Brasil