Número de ocupados caiu 10,5% entre 2014 e 2023, enquanto total de unidades industriais subiu 1,7%; queda no emprego foi maior que a média nacional e nordestina
A indústria paraibana perdeu 8.324 postos formais de trabalho entre 2014 e 2023, segundo os dados da Pesquisa Industrial Anual (PIA) – Empresa e Produto, divulgada pelo IBGE nesta quarta-feira (25). O número de pessoas ocupadas em unidades com cinco ou mais empregados caiu de 79.389 para 71.065 no período, o que representa uma queda de 10,5% em uma década.
O desempenho negativo foi mais intenso do que o registrado no Brasil (-3,6%) e no Nordeste (-3,9%), reforçando a fragilidade da recuperação industrial no estado. Enquanto isso, o número de unidades industriais locais cresceu 1,7%, saindo de 1.858 em 2014 para 1.889 em 2023 — evidenciando uma desconexão entre aumento de empresas e geração de empregos.
Oscilações e recuperação parcial
A trajetória do emprego na indústria paraibana mostra uma queda acentuada entre 2014 e 2019, quando o número de ocupados despencou para 65.326 — um recuo de 17,7%. Entre 2020 e 2022, houve recuperação, chegando a 72.804 ocupados. Porém, em 2023, o número voltou a cair, encerrando o ano com 71.065 trabalhadores.
Indústria de transformação domina empregos
Do total de ocupados em 2023, 98,4% (69.924 pessoas) estavam na indústria de transformação, enquanto apenas 1,6% (1.141 pessoas) atuavam na indústria extrativa. A distribuição praticamente não se alterou nos últimos dez anos.
Entre os setores que mais empregam no estado, destacam-se:
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Fabricação de produtos alimentícios: 16.746 empregados
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Preparação de couros e fabricação de calçados: 12.019
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Fabricação de produtos derivados do petróleo e biocombustíveis: 8.584
Essas três atividades concentram 53,4% do total de pessoal ocupado na indústria de transformação da Paraíba. Das 33 divisões industriais, apenas 10 superam a marca de 2 mil ocupados.
Estabelecimentos crescem, mas com pouco impacto no emprego
Apesar da redução do emprego, o número de unidades industriais com cinco ou mais ocupados voltou ao nível de 2014. Após alcançar um pico em 2015 (1.936 unidades), o estado enfrentou retração até 2020 (1.679 unidades). A partir daí, iniciou-se uma recuperação, com 1.889 unidades em 2023.
A Fabricação de produtos alimentícios lidera com folga no número de estabelecimentos (485), seguida por produtos de minerais não-metálicos (255) e confecção de vestuário (127). Setores como bebidas, têxteis, químicos, borracha e plástico também têm presença significativa.
Paraíba vai na contramão do Brasil e do Nordeste
Enquanto a Paraíba registrou queda de 2,4% no número de ocupados entre 2022 e 2023, Brasil e Nordeste cresceram 2,9% e 3%, respectivamente, tanto em empregos quanto no número de estabelecimentos (alta de 7,3% e 8,2%).
O contraste evidencia um ritmo mais lento de recuperação da indústria local, com crescimento tímido em número de unidades, mas incapacidade de reverter a perda estrutural de empregos formais na última década.