![]() |
Foto: Ricardo Stuckert |
Brasil – Mesmo com a expectativa de uma safra recorde de grãos em 2025, os preços dos alimentos no país devem subir acima da inflação geral, segundo projeções da XP Investimentos e de outros especialistas. A combinação de um dólar em alta e a oferta restrita de alguns produtos são os principais fatores que devem pressionar a inflação alimentar, com aumento projetado em torno de 7,4%, acima da média geral de 4%, de acordo com o Boletim Focus, que reúne previsões do mercado financeiro.
O dólar, que já acumula uma alta de 19,2% no ano, atingiu R$ 5,87, o maior valor desde o início do governo Lula. Esse cenário afeta diretamente o setor alimentício, sobretudo as proteínas, que têm previsão de fortes aumentos de preço. A carne bovina, por exemplo, pode registrar uma alta de até 16,1%, o maior aumento dos últimos cinco anos. A principal causa é a oferta restrita de gado para abate, associada à crescente demanda interna e externa.
Alexandre Maluf, economista da XP Investimentos, observa que a pressão sobre as proteínas deve continuar até 2026, com os preços subindo conforme o custo da arroba do boi segue em ascensão. “Esse movimento já começa a impactar os consumidores, que devem enfrentar preços ainda mais altos nos próximos meses”, ressalta Maluf.
Além da carne bovina, as projeções apontam aumentos significativos nos preços do frango e da carne suína, que podem registrar altas de 11% e 13%, respectivamente. Thiago Bernardino de Carvalho, pesquisador do Cepea (Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada) da Esalq/USP, destaca que fatores climáticos adversos e queimadas têm prejudicado a disponibilidade de pastagens, o que afeta diretamente a oferta de animais para abate.
“A falta de gado pronto para abate afeta diretamente os preços das proteínas, mas também do leite, que já vem registrando aumentos”, comenta Carvalho, reforçando que esses fatores criam um efeito dominó sobre o custo dos alimentos de origem animal.
Com esses dados, a previsão é de que 2025 seja um ano de desafios para os consumidores, que devem sentir o impacto das oscilações cambiais e das dificuldades de produção diretamente no bolso, especialmente ao comprar carnes e outros produtos proteicos essenciais.
Fonte de pesquisa: Brasil 247