Por: Raquel Lima
João Pessoa, 23 de janeiro de 2024
Em um anúncio que deixou todos de coração partido, a Assessoria da Presidência da República divulgou o cancelamento da visita triunfante de Lula à Paraíba, previamente marcada para o dia 26 de janeiro. Aparentemente, a Paraíba terá que esperar para receber a grandiosidade presidencial, enquanto a assessoria se aprimora em agendar compromissos mais emocionantes.
A agenda cancelada incluía a inauguração de 836 moradias do programa Minha Casa, Minha Vida em Patos. Mas quem precisa disso, certo? Afinal, Michel Temer autorizou a obra, e Bolsonaro supervisionou parte da execução. Uma inauguração com a marca de dois presidentes não seria nada além de uma "festinha" para o atual presidente Lula.
Comparada às visitas recentes de Lula a outros estados nordestinos, a Paraíba, mais uma vez, se encontra no lado menos glamoroso. Na Bahia, Lula prometeu um centro tecnológico aeroespacial com direito a pesquisas para aviões sem piloto, enquanto em Pernambuco anunciou a segunda fase da refinaria Abreu e Lima, uma bagatela de R$5 a R$8 bilhões. Já no Ceará, a pedra fundamental do ITA (Instituto Tecnológico da Aeronáutica) foi lançada por apenas R$130 milhões. Sim, pechincha!
A Paraíba, no entanto, parece não ter aprendido a arte de pedir grandiosidade. Brigas políticas internas e uma notável falta de ambição marcaram os anos anteriores, impedindo o estado de pleitear projetos mais impressionantes. E, é claro, como poderíamos esquecer os pedidos modestos feitos pelo atual governador João Azevedo no PAC? Refinarias? Estaleiros? Plantas automobilísticas? Que bobagem, certo?
O cancelamento da visita também levanta suspeitas sobre as relações complexas entre Lula e a Paraíba. Por mais que o estado seja um reduto de votos para o ex-presidente, a atenção dedicada a ele em termos de projetos estratégicos e desenvolvimento parece ser inversamente proporcional.
Resta ver se a Paraíba conseguirá superar sua aversão a grandes projetos e intrigas políticas, unindo-se finalmente para construir um futuro que vá além de 836 casas. Afinal, quem precisa de um centro tecnológico aeroespacial quando se pode ter um bom churrasco de inauguração?